terça-feira, 17 de julho de 2007

Ruas vazias... e lembranças...


É só o vento... por aqui só mesmo o vento.
Pergunto onde estão as cores, as pessoas e o zum-zum-zum de vozes infantes...
Não há.
O que vejo são bancos que querem me contar dos meus segredos, ruas que estreitam minhas lembranças, árvores que insistem em querer saber de mim.
Queria tempo livre, como tantas vezes já disse. Queria o ar, as vozes, o toque das maõs do meu pai em meus cabelos, o beijo da minha mãe no meu ouvido e a pressão do corpo da minha irmã pulando em cima de mim, sorrindo...
Ao menos o sol me consola... ele... vem esquentar meus braços nus e meu corpo seco.
Ao andar, o que vou ver? minha menina na bicicleta, a menina no patins laranja, a mocinha no portão da escola, a moça detrás do vidro do carro chorando o adeus...
Tenho saudades da minha menina, da menina que fui... que quantas vezes deixo perdida, esquecida. E que quantas vezes ao voltar a este lugar ela me vem... vem me seguindo do outro lado da rua, sorrindo para mim.
Mas a moça que agora mora em mim não a deixa sorrindo. Vai amargurando, espremendo o dia na frente da TV. Esmagando a alegria na comida.

A moça não me deixa seguir...

Porque o moço parece morar aqui... na sala, no quarto, no café da cozinha, no violão do meu pai, no verde das flores da sacada, no assovio que faz o vento ao atravessar a fresta da janela...

O Moço não me deixa sorrir... nem as lembranças... e a moça amargura-se em água salgada que desce o rosto.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

O Desenho

No risco, me vejo torta
Os olhos embriagados
A boca carregada e escarlate
As mãos enrrugadas, desenriquecidas
Os pés secos, fazendo-se de quietos
O corpo deitado, em forma de feto
E quase nu, com um lenço azul transpassado
O sorriso é smilinguido, fraco
E a cor de tudo é polar.
O colo manso, sem movimento
E o cabelo jogado por tantos lados...
Lados tantos quantos são os pensamentos.


05/07/07 - 23:43
 

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