sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Na mente alheia: por Ele

São dois contos complementares - dois olhares sobre determinada situação, o outro está logo abaixo.

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Na mente alheia: por Ele

Um bar; três horas da manhã; uma mesa grande farta de cervejas, porções de carne-de-sol e batata-frita; oito amigos que, entre um gole e outro, riem alto, conversam muito. Exceto dois indíviduos: Ele e Ela.

Calor aflitivo, barulho irritante, garçons atrapalhados, conversas pseudo-engraçadas: eu imaginando onde estavam os pensamentos dela. Com o cigarro firmado entre os dois dedos, as unhas escarlates, metida em risos sutis. Eu bebendo aqui dois ou três goles de cerveja em busca de duas ou três palavras para dizê-la.
Preparei duas frases de efeito, que já não lembro ao certo. Uma delas começava com 'eu' e terminava com 'nós'. Soaria um pouco convidativo demais, um pouco piegas demais, poderia fazê-la recuar. Suspirei; soltei os lábios para dizê-la que tinha lindos cabelos negros, mas outra vez hesitei e pausei o olhar no arranjo da mesa, aborrecido de minha inércia.
Queria lhe dizer palavras que não me ocorriam, que falassem do meu desejo, dos lábios dela e dos nossos lábios em encontro pleno: enebriados. Levantei-me da mesa para buscar coragem em frente ao espelho do banheiro e só o que encontrei foi a imagem de um completo idiota. Desisti e restei-me perdido, vencido.

2 comentários:

Mila Cotrim disse...

mais que encontro mais desencontrado....rs

Auíri Au disse...

O seu tempo há de chegar....
beijos

 

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